Senado aprova projeto que garante acesso a documentos públicos

O
plenário do Senado aprovou na noite desta terça-feira projeto de lei que
garante e facilita o acesso a documentos públicos nos três Poderes da
República, em todos os níveis de governo. Na prática, o projeto acaba com o
sigilo eterno de arquivos do governo. O texto segue para sanção da presidente
Dilma Rousseff.
A
proposta trata de documentos sigilosos, mas também de tudo que for produzido
pelos governos federal, estaduais, do Distrito Federal e de prefeituras.
Pelo
projeto, nenhum documento poderá ficar mais de 50 anos com acesso restrito. A
proposta classifica as informações sigilosas entre: reservadas (5 anos de
sigilo), secretas (15 anos) e ultrassecretas (25 anos).
Apenas
os ultrassecretos poderão ter uma única renovação do prazo, indo a 50 anos.
Questões sobre violações dos direitos humanos não poderão ser classificadas
como ultrassecretos.
A
partir da sanção, se não houver vetos, o governo terá dois anos para
reclassificar os documentos.
RECLASSIFICAÇÃO
O
projeto também determina a criação ainda uma comissão Mista de Reavaliação de
Informações, composta por integrantes dos três Poderes. Com mandato de dois
anos, essa comissão teria o poder, por exemplo, de reavaliar casos de
documentos classificados como ultrassecretos, com prazo determinado.
A
discussão sobre o prazo para a liberação dos documentos dominou a votação. O
senador Fernando Collor (PTB-AL) apresentou seu texto defendendo a previsão de
sigilo eterno para documentos classificados como ultrassecretos.
Em
mais de uma hora de fala, Collor voltou a dizer que era necessário o país
manter salva informações de Estado. O petebista reafirmou que a proposta com
previsão de sigilo eterno para documentos sigilosos partiu do governo Lula após
dois anos de discussão entre ministros e sociedade e que essa matéria atenderia
melhor às necessidades do país.
ACESSO
O
projeto ainda estabelece que qualquer cidadão poderá requerer informações de
governo sem precisar justificar o pedido. A informação terá que ser prestada
imediatamente. Caso isso não seja possível, o órgão tem prazo de 20 dias,
prorrogáveis por mais 10 diante de justificativa. Há previsão para recurso da
decisão negativa de acesso aos documentos.
O
serviço de busca e fornecimento de informação é gratuito. Os órgãos poderão
cobrar uma taxa de reembolso se houver reprodução dos documentos.
Há
previsão ainda para que os documentos sejam disponibilizados em formato digital
para facilitar análises.
COLLOR
Antes
de aprovarem o projeto da Lei de Acesso, os senadores rejeitaram, por 43 votos
a 9, a proposta de Collor que mantinha a possibilidade de sigilo eterno. Ele
foi derrotado com votos de governo e oposição. O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), também favorável ao sigilo eterno, acompanhou parte da
votação.
A
mudança no sigilo eterno foi feita durante tramitação na Câmara e foi mantida
pelo Senado. "Não há mais documentos secretos", disse o líder do
governo, Romero Jucá (PMDB-AP).