Assoreamento entre Andradina e Pereira Barreto diminui geração de energia

Assoreamento entre Andradina e Pereira Barreto diminui geração de energia

Foto: Divulgação


O resultado de uma pesquisa divulgado pela USP (Universidade de São Paulo) mostra que o assoreamento de rios reduz a geração de energia em usinas hidrelétricas. Um estudo feito pelo engenheiro eletricista Renato Billia de Miranda, da Escola de Engenharia de São Carlos, da USP, analisou quais os impactos do assoreamento no reservatório da hidrelétrica Três Irmãos, entre os municípios de Andradina e Pereira Barreto, em São Paulo.


O reservatório tem 785 quilômetros quadrados e 150 quilômetros de extensão. Ele constatou que, de 1993 a 2008, o processo de depósito de sedimentos como terra, areia e outros materiais no fundo do reservatório levou a uma redução na geração de energia de 377 Megawatt-hora (MWh) por mês.


“Essa perda poderia suprir 1.508 residências com um consumo mensal de 250 quilowatt-hora[kWh]”, aponta Miranda. Ele explica que o assoreamento é um processo natural, mas que a ação do homem intensifica o processo. “Atividades ligadas a agricultura e pecuária na região de entorno do reservatório são a principal causa dessa intensificação”, destaca.


Quando a areia, terra ou outros sedimentos se depositam em excesso no fundo dos reservatórios, acabam interferindo na capacidade de geração de energia da usina. Algumas vezes, os sedimentos chegam a alcançar as turbinas e afetam o seu desempenho.


Uma das soluções para o problema, segundo o pesquisador, seria a existência de Áreas de Proteção Ambiental (APP) no entorno dos reservatórios. A conservação de matas ciliares funcionaria como uma barreira natural, impedindo que os sedimentos chegassem até o curso d’água.


“No caso da Usina Três Irmãos, uma grande parte do seu entorno é utilizado para cultura de cana-de-açúcar e de pastagens. Na entressafra, o problema do assoreamento se intensifica, pois coincide com o período das chuvas e elas levam mais terra para o reservatório”, afirma Miranda.


Existe ainda outro dilema: a falta de informação de proprietários de terras próximas aos reservatórios e a omissão de algumas concessionárias de energia. Miranda diz, por exemplo, que as empresas afirmam distribuir mudas de árvores para que os produtores as plantem no entorno do reservatório, mas eles questionam a iniciativa, pois o plantio de cana ou a criação de gado são atividades mais rentáveis.


“De um lado, temos a omissão de algumas concessionárias de energia. De outro, a falta de conscientização dos produtores”, diz.

 

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