Criar
o Dia do Orgulho Hétero em São Paulo não incentivaria a homofobia, na opinião
do prefeito Gilberto Kassab (PSD). "É um projeto como outro
qualquer", afirma.
Em
entrevista ontem, Kassab disse que sua assessoria ainda está estudando o
projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal, que prevê a data oficial em
todos os terceiros domingos de setembro. Mas ele afirmou que, em primeira
análise, não há motivo para vetar a ideia de autoria do vereador Carlos
Apolinário (DEM). "A abordagem inicial é que é um dia como qualquer dia.
Tem dia do médico, dia do professor", disse.
"Talvez não se encontre nenhuma ilegalidade e é possível que seja
encaminhado para sanção. Em princípio, a Câmara tem todo o direito de
estabelecer os dias que ela julgar adequados", afirmou.
Questionado sobre a possibilidade de vetar o projeto por falta de interesse
público, Kassab desconversou. "Por isso que vamos aguardar a ATL
[assessoria técnico-legislativa]. Ela avalia justamente essas coisas",
disse Kassab.
O prefeito tem 15 dias para sancionar ou vetar o texto. A iniciativa já ganhou
até repercussão internacional. Os sites das revistas "Forbes" e
"Newsday" deram destaque ao "Straight Pride Day".
A ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e
Transexuais) pediu veto ao projeto.
O assunto chegou a ser um dos mais comentados do Twitter em todo o mundo. Um
abaixo-assinado criado na internet por uma militante gay da Baixada Santista
tinha, até ontem à noite, cerca de 2.500 apoiadores.
Para Kassab, "todas as manifestações são muito bem-vindas". "A
gestão, qualquer que seja ela, tem de ser a gestão do diálogo. A cidade é de 11
milhões de pessoas", disse.
O projeto de autoria de Apolinário, membro da igreja Assembleia de Deus, é uma
reação à Parada Gay.
O vereador do DEM critica o fato de a Parada poder ser realizada na avenida
Paulista e a Marcha Para Jesus, não. Apolinário afirma ainda que sua ideia é
"resguardar a moral e os bons costumes".
O projeto de lei de Apolinário foi aprovado na terça com a presença de 50
vereadores e manifestação contrária de 19. Cinco parlamentares não registraram
presença.