Ovário policístico: entenda o distúrbio

Ovário policístico: entenda o distúrbio

Ciclo menstrual desregulado, obesidade repentina, acne... Quem já teve unzinho sequer desses sintomas deve ter ouvido daquela tia sabe-tudo: "devem ser ovários policísticos!!". Só mesmo um bom médico e uma ultrassonografia para dizer, mas em geral, não é que é isso mesmo?

A doença aparece nos compêndios médicos como síndrome dos ovários policísticos. Ou SOP. E tem a seguinte definição: "é um distúrbio que atinge cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva e é crônico", explica a ginecologista Rosana Reis, especialista no assunto e pós-doutora da USP-Ribeirão Preto. "Ele costuma atingir principalmente pessoas com predisposição genética a problemas endócrinos."
 

Paradoxo da gordinha

 

Além do atraso na menstruação, a SOP pode aparecer por meio de sintomas estéticos. Ou, em nome da precisão, anti-estéticos... Muita acne, pele e cabelos oleosos, pelos grossos, em excesso e em lugares estranhos - como linha do umbigo, na auréola do seio, braços e costas - estão no rol dos sinais comuns.

E o ganho de peso - obesidade nos casos mais graves - também costuma estar relacionado à SOP. Tanto que se disseminou a crença de que os ovários policísticos seriam um problema de pessoas gordinhas.

As estatísticas mostram que 50% das mulheres diagnosticadas apresentam peso acima do que é considerado saudável. Mas não dá para cravar uma relação assim tão mecânica. "Pacientes com ovários policísticos geralmente possuem um metabolismo complicado", explica o ginecologista Nilo Bozzini, professor doutor do Hospital das Clínicas da USP. "Por isso, é mais comum que o distúrbio seja encontrado em gordinhas."

A medicina, então, enfrenta essa espécie de paradoxo da gordinha: o sobrepeso acontece por causa da síndrome ou é a síndrome que traz o sobrepeso?
 

Dá para engravidar?

 

Na maior parte dos casos, o tratamento da síndrome é feito por meio de anticoncepcionais que regulam os hormônios do ciclo menstrual. Ao decidir engravidar, a paciente deve suspender o uso da pílula e pode ser que seja necessário tomar medicamentos indutores da ovulação.

Mulheres com ovários policísticos em geral têm mais dificuldade para gerar uma criança do que mulheres que não sofrem do problema - e muitas vezes só descobrem que são vítimas da doença ao ter dificuldades para engravidar. Por isso é importante manter as consultas ginecológicas em dia.

Seja qual for o problema de saúde, quanto mais cedo ele vier a ser detectado menos conseqüências vai acarretar. "A SOP aumenta as chances de a paciente desenvolver diabetes e resistência à insulina", diz Rosana Reis. "Se não tratada, pode culminar em pressão alta, baixa do colesterol bom (HDL), distúrbio do metabolismo das gorduras e doenças cardiovasculares".
 

Engarrafamento de óvulos

 
1. O ovário saudável tem até 9 cm3 e libera um óvulo por vez.

2. Em um ovário policístico, esse ciclo é alterado pelo excesso do hormônio androgênio.

3. Os folículos ovarianos (onde os óvulos se desenvolvem) começam a se formar, mas esse processo

pode não chegar ao fim.

4. Por isso, não há a liberação do óvulo - ou seja, a ovulação.

5. Estes pequenos cistos vão se agrupando no ovário. Ele fica com aparência granulada e muito mais volumoso. Em alguns casos, pode até dobrar de tamanho.
 

Os sintomas

 
· Ciclo menstrual desregulado, com ausência de menstruações;

· Pele e cabelos oleosos, acne;

· Pelos grossos e em abundância no rosto e/ou em locais incomuns - como auréola dos seios e linha do umbigo;

· Obesidade;

· Predisposição a problemas hormonais;

· Diabetes

 

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