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“Sou
judeu, gordo, nordestino, mágico e estou em dúvida quanto à minha orientação
sexual”, avisa Ben Ludmer logo no início de seu show de humor. “E aí resolvi
parar de tomar sol para não virar banquete de skinhead”, prossegue, rindo de si
mesmo.
Na
madrugada deste sábado (2), Ludmer fazia seu show no Teatro Folha, em São
Paulo, quando decidiu fazer piadas sobre as dificuldades que enfrentam os
gordos, como ele. Dirigindo-se a um espectador obeso na primeira fila,
perguntou: “Você já andou de avião?”. A resposta foi dura: “Já, com a sua mãe”.
Ludmer
intuiu que o clima estava estranho, mas prosseguiu na sua linha de humor, rindo
de si próprio e de sua mãe: “Imagina. Vaca não voa”. O espectador saiu da
poltrona, montou no palco e deu um soco em Ludmer. O público imaginou que a
cena fazia parte do show.
O
comediante caiu atrás da cortina e o agressor continuou golpeando-o. Um
assistente do palco percebeu o que ocorria e acendeu a luz da coxia. O
espectador foi contido. Seguranças foram chamados e o detiveram até a chegada
da polícia.
“Na
delegacia, outra piada: o sistema estava fora do ar”, conta Ludmer. Segundo
ele, o agressor alegou em sua defesa que Ludmer fez piadas contra nordestinos,
judeus e negros, o que o teria ofendido.
“Mesmo
se tivesse feito, o que não fiz, a agressão não se justifica”, diz o
comediante. “Quem assiste show de humor na primeira fila sabe que vai
participar de alguma maneira. Por isso, acho que o cara foi com a intenção de
fazer algo”, diz.
Abalado,
Ludmer conta que o show que apresentou no dia seguinte, na madrugada de
domingo, foi “estranho”, sem graça. Pretende não fazer o seu número no próximo
fim-de-semana, mas não vai parar. “Não posso parar. A função do comediante,
literalmente, é dar a cara a tapa”.
E
já está fazendo piada sobre o ocorrido. “Não fiquei nem um pouco constrangido
de ter apanhando em cena. Constrangedor foi no dia seguinte quando entalei no
aparelho da tomografia”.