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O
grupo francês Carrefour anunciou nesta terça-feira ter recebido uma proposta de
fusão de ativos no Brasil com os da CBD (Companhia Brasileira de Distribuição),
que agrega lojas do Pão de Açúcar, Extra e Compre Bem. Se a fusão for
concretizada, as duas empresas integrarão o maior grupo varejista do Brasil.
A
proposta foi formulada em 27 de junho pela empresa brasileira Gama, que
pertence ao fundo BTG Pactual, com o apoio financeiro do BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social).
Se
a operação for concretizada, a Gama se tornará um grande acionista do
Carrefour, número dois mundial do setor de distribuição, com uma participação
de 18% em seu capital.
No início da sessão na Bolsa de Paris, após o anúncio da proposta, a ação do
Carrefour subia 1,64% a 26,88 euros, enquanto a do grupo Casino, seu principal
concorrente, caía 3,02% a 63,91 euros.
"A
operação será, a princípio, muito benéfica para o Carrefour, cujos resultados
no Brasil são decepcionantes e que em 2010 perdeu a liderança na distribuição
de alimentos para a CBD", afirma uma nota de análise do agente da Bolsa
Aurel. "As sinergias e as reduções de custos potenciais, combinada com a
força de venda do novo conjunto, devem melhorar a rentabilidade da nova
entidade", acrescenta o texto.
O
Conselho Administrativo do Carrefour deve se reunir nos próximos dias para
analisar a proposta. Representantes do Pão de Açúcar e do Carrefour darão uma
coletiva de imprensa nesta manhã para anunciar detalhes da proposta.
CASINO
O
grupo Casino, dono de 37% da CBD --principalmente através da holding Wilkes,
dirigida em conjunto com o empresário Abilio Diniz--, afirmou em um comunicado
oficial que a negociação divulgada hoje pelo Carrefour é ilegal.
"Em virtude dos acordos públicos assinados pela Casino com Abilio Diniz, qualquer negociação envolvendo o futuro da CBD não pode ocorrer sem a participação da Casino", afirma a empresa.
No centro da controvérsia está o acordo entre o Casino e o grupo de Diniz que permite que a companhia francesa assuma o controle do Pão de Açúcar, se optar por isso daqui um ano.
A
opção do acordo entre Casino e Diniz foi instituída em 2006, quando ambos
fundaram a holding Wilkes, que detém 66% das ações com direito a voto do Pão de
Açúcar. Se exercer a opção, o Casino poderá indicar um nome para a presidência
do conselho do Pão de Açúcar.
Sob
as regras do acordo que criou a Wilkes, nenhuma das partes pode entrar em
negociações de fusão sem o consentimento da outra.
"Inicialmente,
a Casino recordou esta obrigação a Abilio Diniz e ao Carrefour. Apesar deste
aviso, eles continuaram as discussões, ignorando deliberadamente tanto a lei
quanto a ética básica dos negócios."
A
ação de Diniz fez o Casino entrar no mês passado com um pedido de arbitragem
internacional contra o grupo do empresário brasileiro, sob o argumento de que
as conversas com o Carrefour descumpriram os termos de acordo entre ambos.
Ainda
na nota emitida hoje, o grupo Casino afirmou que irá examinar nos próximos dias
"a melhor forma de defender os interesses corporativos da CBD e de seus
acionistas que parecem comprometidos por este projeto".
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