Bolsonaro leva panfleto antigay a escolas do Rio
Deputado

Jair
Bolsonaro mandou imprimir 50 mil cópias de um panfleto contra o plano nacional
que defende os direitos dos gays. O deputado federal eleito pelo PP do Rio está
distribuindo o material em residências e escolas do Estado.
Um
dos textos do impresso chega a associar a homossexualidade à pedofilia.
Bolsonaro
não revelou quanto gastou, mas já disse que pretende repassar a conta para os
cofres públicos: fala em incluir a despesa em sua verba de gabinete e pedir
reembolso da Câmara.
"EMBOSCADOS"
"Apresento
alguns dos 180 itens deste que chamo Plano Nacional da Vergonha, onde meninos e
meninas, alunos do 1º Grau, serão emboscados por grupos de homossexuais
fundamentalistas, levando aos nossos inocentes estudantes a mensagem de que ser
gay ou lésbica é motivo de orgulho para a família brasileira", diz o
folheto na primeira de suas quatro páginas.
Segundo
a leitura de Bolsonaro, que é capitão da reserva do Exército, o Plano Nacional
de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis e Transexuais do governo cria de "cotas para professor
gay", "batalhões policiais gays nos Estados", "Bolsa
Gay" e "MST Gay".
Mas
o principal alvo é o que o deputado chama de "kit gay", material
didático antidiscriminação preparado pelo Ministério da Educação que será
distribuído a escolas públicas. No material há filmes em que adolescentes
descobrem que são gays.
"Querem,
na escola, transformar seu filho de 6 a 8 anos em homossexual. Com o falso
discurso de combater a homofobia, o MEC, na verdade incentiva a
homossexualidade nas escolas públicas do 1º grau e torna nossos filhos presas
fáceis para pedófilos", diz o panfleto do deputado.
O
MEC diz que o material ainda está sob análise, mas deve ser distribuído no
segundo semestre somente em escolas do ensino médio, cujos alunos têm 14 anos
ou mais. O uso será opcional.
"FUNDAMENTALISTAS"
O
secretário-executivo da Secretaria de Direitos Humanos, André Lázaro, e o
presidente da ABGLT, Toni Reis, são citados no panfleto como "defensores
do fundamentalismo homossexual".
Reis
diz que, apesar da imunidade parlamentar, entrará com queixa-crime contra
Bolsonaro, devido à afirmação de que ele estaria de casamento marcado com um
homem casado com sua mãe.
Reis,
cuja mãe já morreu, formalizou sua união estável anteontem. Seu parceiro jamais
foi casado com ela, diz.
Já
Lázaro disse que o deputado "usa de má-fé" ao criticar o kit
anti-homofobia, pois sabe que ele não será distribuído a crianças de seis anos.
"O kit não tem conotação de estímulo a comportamentos."
Lázaro
descarta, porém, tomar medidas contra o deputado. "Nós, democratas,
lutamos para que ele pudesse ter liberdade de opinar sobre os fatos,
contrariamente à opinião dele, que defende a ditadura militar", afirmou.