Divulgação-Quarto de hotel (esq)
assume lugar de motel (dir) no Rio de Janeiro
Os
motéis do Rio de Janeiro arrumaram uma maneira de faturar com os Jogos
Olímpicos de 2016. Como a cidade ainda sofre com a falta de quartos de hotéis
para receber os turistas que assistirão às Olimpíadas, os "ninhos de
amor" se transformam para receber os visitantes. Segundo a Associação dos
Proprietários de Motéis do Rio, 30% deles já fizeram reformas para receber
outro tipo de clientes.
O
Serramar, na Barra, por exemplo, trocou o “m” de motel pelo “h” de hotel e
redecorou 35 unidades, aproximadamente um terço da capacidade. No lugar de
espelho no teto e cama redonda, duas camas de solteiro, uma escrivaninha e um
armário. Além disso, o hotel construiu uma recepção e contratou novos
funcionários para o contato direto com o cliente. Na semana passada, todos os
quartos estão ocupados por participantes de uma feira de defesa e segurança que
ocorre no Riocentro.
"Tivemos
100% de ocupação no Réveillon e no Carnaval", celebra Rodrigo Lucas,
gerente de reservas do Serramar, ele próprio um dos funcionários contratados
para nova fase do hotel. "Estamos de olho nos grandes eventos sediados na
cidade. Já temos muitas reservas confirmadas para o Rock in Rio, em setembro.
Até a Copa de 2014, pretendemos dobrar a nossa capacidade", completou.
O
presidente do Comitê Organizador Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman anunciou que o
Rio de Janeiro terá 34 mil quartos de hotel em 2016. O dossiê da candidatura
carioca havia garantido 48 mil, contando, além dos hotéis, apart-hotéis, vilas
olímpicas e até cabines de navios de cruzeiros.
A
cidade hoje conta com 24.558 quartos. Para chegar a 34 mil, a Prefeitura
lançou, em novembro do ano passado, um pacote incentivos fiscais. As medidas
incluem a remissão de dívidas de IPTU e isenção deste imposto durante as obras,
a redução do ISS e a isenção do ITBI, a taxa paga em operações de compra e
venda de imóveis destinados à atividade hoteleira. Desde o anúncio do pacote,
foi confirmada a construção de cinco novos hotéis que totalizam 1078 novos
quartos.
Alguns
desses projetos contam com o apoio do BNDES, que, através do Pro Copa Turismo,
financia obras no setor com créditos de R$ 3 a 10 milhões. O programa conta com
uma carteira de R$ 297,2 milhões, dos quais R$ 178,5 milhões já foram
aprovados. Os recursos vão sendo liberados de acordo com o andamento das obras.
Os juros praticados estão bem abaixo no mercado: de 6,9 a 8,8% ao ano, com
prazos que podem chegar até 18 anos.
Os
projetos aprovados e contratados até agora são a reforma do tradicional Hotel
Glória (R$ 146,5 milhões) e a construção de duas unidades do Hotel Íbis, da
rede Accor, em Botafogo (R$ 20,3 milhões) e em Copacabana (R$ 11,6 milhões). Os
outros R$ 118,7 milhões da carteira do programa referem-se a pedidos ainda em
análise.
"Do
ponto de vista econômico, o Brasil vive um momento que favorece bastante os
negócios, a hotelaria em particular e, em geral, o desenvolvimento das cidades.
A elevação do PIB repercute diretamente sobre o aumento da demanda e favorece
esse desenvolvimento", explica Felipe Boni, coordenador de Comunicação da
Accor. No ano passado, a rede hoteleira francesa assinou 24 novos contratos no
Brasil, com destaque para os cinco novos hotéis que estão sendo construídos no
Rio de Janeiro.
"Se
continuarmos no ritmo atual, ultrapassaremos facilmente a meta", explica o
presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih) no Rio,
Alfredo Lopes. "Este ano, já teremos três mil novos quartos aguardando
habite-se. A rede Windsor abriu uma nova unidade no Carnaval, com 540 quartos,
e o Hotel Nacional está em reforma, com previsão de reabrir com outros
500."
Entretanto, como reconhece o próprio presidente da Abih, o problema de acomodação no Rio não se resolve só com a construção de novas unidades. "Com o crescimento acelerado da economia brasileira, há escassez de mão-de-obra em todos os setores, na hotelaria não seria diferente", explica Lopes. "A demanda por profissionais qualificados está aumentando no Rio. Vamos precisar de gente que esteja preparada para lidar com os turistas."