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Especialistas que
participaram de mesa-redonda promovida pela Rádio Nacional de Brasília, da
Empresa Brasil de Comunicação, para debater o uso inadequado de agrotóxicos nas
lavouras, alertaram para a importância de substituir os defensivos agrícolas
por produtos de menor toxicidade e também para o perigo do uso de agrotóxicos
contrabandeados.
Eles observaram que é preocupante
a contaminação dos produtos agrícolas e de origem animal que pode afetar a
saúde humana. O professor da
Universidade Federal do Rio de Janeiro e ex-presidente da Comissão Nacional de
Energia Nuclear, José Luiz Santana, ponderou que o uso de defensivos acaba
sendo necessário para que a produção agrícola mundial se situe no patamar anual
de dois bilhões de toneladas de grãos.
– É preciso que a própria
sociedade cobre o emprego correto desses produtos de forma que os efeitos
negativos para a saúde do consumidor sejam reduzidos – afirmou.
O médico e doutor em
toxicologia da Universidade Federal de Mato Grosso Wanderlei Pignatti afirmou
que, em 2009, foram utilizados, no Brasil, 720 milhões de litros de
agrotóxicos. Só em Mato Grosso, foram consumidos 105 mil litros do produto. Ele
indaga “onde vai parar todo esse volume” e defende a reciclagem das embalagens
vazias a fim de não contaminarem o meio ambiente.
Pignatti alerta que a chuva e
os ventos favorecem a contaminação dos lençóis freáticos. Entre os defensivos
agrícolas mais perigosos, ele cita os clorados, que estão proibidos em todo o
mundo e ainda são utilizados largamente no Brasil. São defensivos que causam
problemas hormonais e que podem afetar a formação de fetos, segundo o médico.
O professor relatou que, nos
locais onde o uso de agrotóxicos não é feito com critério, encontram-se casos
de contaminação do próprio leite materno, que ocorre pela ingestão do leite de
vaca.
– A mulher vai ter todo o seu
organismo afetado quando o seu leite não estiver puro e os efeitos tóxicos
podem ficar armazenados nas camadas de gordura do corpo – explica.
Ele lembrou ainda há
resolução do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que proíbe a
pulverização de agrotóxicos num raio de 500 metros onde haja habitação e
instalações para abrigar animais, distância que tem que ser observada também em
relação às nascentes.
O professor e especialista em
instrumentação ambiental na área de aterros sanitários, Mauro Banderali,
reconhece que, apesar da cultura de separação do lixo tóxico em aterros que
existem no país, ainda não se sabe exatamente o potencial dos agrotóxicos para
contaminar o solo e a água e, consequentemente, os seres humanos pelo consumo
de alimentos cultivados em áreas pulverizadas.
– A preparação do campo para
o plantio é, frequentemente, feita sem se saber se vai vir chuva. Quando o
tempo traz surpresas, ocorre a contaminação das nascentes em lugares onde a
aplicação foi demasiada – informa.
O professor José Luiz Santana
ressalva que há, no país, propriedades muito bem administradas onde há a
preocupação de manter práticas sustentáveis. Ele, no entanto, denunciou que há
agricultores que usam marcas tidas como ultrapassadas na área dos químicos e
que podem ser substituídas por alternativas de produtos mais evoluídos,
disponíveis no mercado.
Para ele, apesar da seriedade
do assunto, “não se deve assustar as pessoas quanto ao consumo de alimentos”,
já que as áreas do governo que cuidam do tema têm o dever de trabalhar pelo bom
uso dos agrotóxicos.
– A agricultura conta com um trabalho de apoio importante por parte de organizações não governamentais que procuram difundir o uso correto dos defensivos agrícolas – disse.
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