Continua após os destaques >>
As mortes prematuras entre jovens de 10 a 24 anos são hoje três vezes mais frequentes do que entre crianças de um a quatro anos. A virada no número de mortes significa que, após 50 anos de prevalência de morte prematura em crianças, agora são os jovens as maiores vítimas.
Segundo uma pesquisa
publicada no periódico médico britânico The Lancet, isso acontece porque as
campanhas de vacinação e de combate a doenças conseguiram reduzir a quantia de
crianças afetadas. Entre os jovens, problemas como violência decorrente do
crime, suicídio e acidentes de trânsito acabaram se tornando os grandes
responsáveis pelo aumento no número de mortes.
A
pesquisa, que analisou dados de 50 países — ricos, com renda média e pobres —
nos últimos 50 anos, sinaliza que as taxas de mortalidade entre crianças de um
a nove anos teve uma queda de 80% a 93%, em grande parte devido à redução no
número de mortes causadas por doenças infecciosas. As mortes entre jovens
também sofreram redução no mesmo período, mas não no mesmo ritmo: em rapazes
com idades entre 15 e 24 anos, a mortalidade caiu entre 41% a 48%.
Segundo
os pesquisadores, as maiores causas de mortes entre os jovens são violência
decorrente de crimes, o suicídio e os acidentes de trânsito. Estes problemas
elevaram não somente as mortes prematuras entre rapazes de todos os países
analisados, mas também entre as garotas de países ricos e do leste europeu.
Segundo
Russel Viner, especialista da University College London e coordenador do
estudo, o desenvolvimento econômico, a mudança da zona rural para as cidades, o
aumento da urbanização e as mudanças sociais geradas a partir daí estão sendo
prejudiciais aos jovens, se pensadas em termos de mortalidade. “A juventude
costumava ser o período mais saudável de nossas vidas. Isto já não é mais uma
verdade”, afirmou à BBC.
“O
mais evidente é que os maiores riscos aos jovens, além de viverem em locais de
extrema pobreza ou com grande riscos de doenças infecciosas e guerra, estão nos
comportamentos que eles adotam e no contexto em que se encontram”, disse Michael
Resnick, da Universidade de Minnesota e um dos pesquisadores responsáveis pelo
estudo. Segundo o especialista, é necessário uma maior atenção às vizinhanças
violentas, ao acesso a recursos básicos e ao aumento das oportunidades de
trabalho e sociais para que o índice de morte prematura entre os jovens seja
controlado.
Variações – O estudo reflete a realidade de muitos países, inclusive o Brasil, onde os jovens morrem principalmente devido ao crime e acidentes de trânsito, mas não deve ser tomado como um retrato fiel da situação mundial. Algumas regiões consideradas as mais pobres da África subsaariana não entraram na pesquisa (porque não havia dados suficientes), e alguns dados regionais podem levar a resultados artificialmente elevados. Em alguns países, por exemplo, a pesquisa contabilizou picos de casos de suicídio que aconteceram logo após o fim do período comunista (final da década de 1990), e que atualmente acontecem em menor número.
Destaques >>
Leia mais notícias em andravirtual
Curta nossa página no Facebook
Siga no Instagram