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A Casas Bahia deve levantar mais de R$ 2 bilhões com a venda para investidores de um fundo de recebíveis (prestações que tem a receber dos consumidores). A operação deve ser realizada até o segundo trimestre pelo Grupo Pão de Açúcar, que associou-se à varejista no fim de 2009.
Essa será a primeira operação com recebíveis da Casas Bahia desde a fusão da rede com o Ponto Frio, que pertence ao Grupo Pão de Açúcar. A Casas Bahia é a maior varejista de eletroeletrônicos e móveis do País e possui uma das maiores carteiras de crédito, já que 75% das suas vendas são financiadas.
Com a venda de fundos de recebíveis (conhecidos pela sigla FIDC - Fundo de Investimento em Direitos Creditórios), as empresas repassam para os investidores as parcelas que têm ainda a receber dos seus clientes e conseguem, assim, levantar capital de giro, necessário para bancar a aquisição de novos estoques.
Com a elevação dos juros, porém, os investidores tendem a cobrar um desconto maior para aquisição das cotas de fundos de recebíveis. Segundo o vice-presidente de relações com investidores do grupo Pão de Açúcar, Hugo Bethlem, é esperado que os juros cobrados superem os obtidos com a venda de recebíveis do Ponto Frio.
Mas a empresa já vem trabalhando em outras frentes para amenizar esse impacto. Uma das medidas tomadas foi a redução dos prazos oferecidos para os consumidores para pagamento sem juros. Essa iniciativa reduziu as despesas financeiras da Globex, controladora do Ponto Frio/Casas Bahia, para um patamar equivalente a 3% das vendas líquidas. Segundo Bethlem, esse patamar está abaixo da meta de 3,5% a 4% e dá fôlego para enfrentar uma elevação dos juros ao longo de 2011.
Ações em baixa
Desde que o governo começou a adotar medidas para esfriar o consumo e manter a inflação sob controle, no fim do ano passado, os investidores passaram a fugir das ações das empresas de varejo e passaram a migrar para os papéis de companhias de commodities, cujos preços estão em alta em todo o mundo. Neste ano, as ações do Grupo Pão de Açúcar caíram 11,2%. Na quinta-feira, as ações da varejista (PCAR5) eram negociadas a R$ 61,50.
Bethlem avalia, porém, que o cenário para o consumo está longe de ser ruim. As expectativas são de que a demanda cresça menos, mas continue se expandindo. No começo deste ano, afirma, a empresa não detecta nenhuma mudança no comportamento das vendas.
No pior do cenários, a taxa básica de juro deve chegar no fim do ano a
12,80%, o que terá pouco impacto para o comércio, onde as taxas cobradas dos
consumidores já são muito maiores do que a Selic, diz Bethlem. "Os
investidores, sobretudo os estrangeiros, são míopes e não sabem avaliar o que,
de fato, se passa no País", diz o executivo.
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