A corregedora-geral da Polícia Civil
paulista, Maria Inês Trefiglio Valente, deixou o cargo nesta quinta-feira por
determinação da Secretaria de Segurança Pública (SSP). O afastamento ocorre
após a divulgação de um vídeo que mostra uma ex-escrivã despida à força por
delegados da Corregedoria para realização de revista.
O episódio aconteceu em julho de 2009, no 25º Distrito Policial, em
Parelheiros, na zona sul de São Paulo. A escrivã, suspeita de corrupção, pedia
para ser revistada por mulheres, mas acabou despedida à força pelos delegados.
A escrivã teria cobrado R$ 200 de um
suspeito para liberá-lo. Ao ser surpreendida, escondeu o dinheiro na calcinha.
A revista foi filmada. Em 2010, ela foi demitida e responde a processo
criminal. Ela nega o crime. O Ministério Público vai apurar se houve
abuso.
Na segunda-feira, a Secretaria de
Segurança Pública (SSP) já havia informado o afastamento da Corregedoria da
Polícia Civil dos delegados Eduardo Henrique de Carvalho Filho e Gustavo
Henrique Gonçalves, que apareciam no vídeo. De acordo com a secretaria, o
terceiro delegado da corregedoria que participa da cena, Renzo Santi Barbin,
não integra mais os quadros da corregedoria.
Ainda foi determinado a instauração de
Processo Administrativo Disciplinar para apurar a responsabilidade funcional de
cada um deles, assim como do delegado Emílio Antonio Pascoal, que na época era
titular da Divisão de Operações Policiais da Corregedoria.
Ministério Público
O Ministério Público Estadual de São
Paulo (MP) instaurou um procedimento para apurar o caso da ex-escrivã. De
acordo com o procedimento investigatório instaurado, sob a alegação de realizar
revista e prisão da escrivã, por suposto crime de corrupção, o MP afirma que os
agentes policiais “submeteram-na a forte humilhação e violência, utilizando-se
de força bruta para algemá-la, despi-la e expor suas partes intimas na presença
de quem estivesse na sala, muito embora a mesma jamais se recusasse a ser
revistada ou mesmo despir-se, desde que na presença e por outras mulheres”.