Depois do assalto, o silêncio. Essa é a reação da maioria da população
brasileira após ser vítima de roubo ou furto, segundo um estudo divulgado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
Apesar desse modelo de crime ter aumentado nos últimos 21 anos, a maioria das
vítimas de roubos e furtos, entre 2008 e 2009, não prestou queixa à polícia.
A cidade de Andradina registrou 1.028 furtos e 76 roubos no ano de 2009,
segundo dados da secretaria de segurança pública do Estado de São Paulo. Segundo a pesquisa do IBGE, esse número
poderia dobrar, porque a metade das pessoas vítimas da violência não procuram a
polícia.
A pesquisa “Características da Vitimização e do Acesso à Justiça no Brasil
em 2009”, feita a partir dos dados coletados pela Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (Pnad) mostra que, entre 27 de setembro de 2008 a 26 de setembro
de 2009, 11,9 milhões de brasileiros de 10 anos ou mais de idade foram vítimas
de roubo ou furto.
Na comparação com outra pesquisa realizada 1988, houve um aumento no
número de vítimas de 5,4% para 7,3%. Esse crescimento foi verificado em todas
as regiões do País, com destaque para o aumento nas áreas urbanas das regiões
Norte e Centro-Oeste (de 6,6% para 10,3%) e na região Nordeste (4,3% para
7,5%).
Apesar do crescimento, o estudo mostra que essa tendência pode não ter
chegado ao conhecimento das autoridades policiais. Isso porque a pesquisa
também revela que apenas 48,4% das pessoas (2,9 milhões) que foram vítimas de
roubo, entre 2008 e 2009, procuraram a polícia. Os números de registro de furto
são menores ainda: só 37,7% (2,4 milhões) das vítimas foram atrás da polícia
após o crime.
Segundo a pesquisa, os motivos para 51,6% das vítimas de roubo não terem
procurado a polícia são por não acreditarem na polícia (36,4%) e por não ter
considerado importante recorrer à policia (23,1%). Mesmo entre as vítimas de
roubo que procuraram a polícia, mas não fizeram o registro da ocorrência, 24,9%
afirmaram não acreditar na polícia.
De acordo com o questionário aplicado pela Pnad, 62,3% das vítimas de
furto não procuraram a polícia e os principais motivos apontados foram a falta
de provas (26,7%) e o sentimento de não considerar importante procurar a
polícia (24,4%).