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Comprar roupas deve ficar mais caro a
partir do ano que vem. Problemas nas safras de algodão nos principais países
produtores têm provocado forte redução dos estoques, o que tem feito os preços
da matéria-prima chegar a seu maior patamar nos últimos 140 anos. O cenário
está tirando o sono de executivos da indústria têxtil, que afirmam ser
inevitável o repasse dos custos para o varejo, já que a oferta de algodão não
deverá ser normalizada no curto prazo. Para piorar, a expectativa do setor é
que o aumento de preços resulte em queda no consumo.As informações são do
Portal IG.
“Não tem espaço para elevar os preços,
já que hoje o consumidor está achando que comprar roupa está caro. Então vamos
ter queda no consumo. Isso vai afetar o setor como um todo, e não só um
segmento de mercado”, diz Ulrich Kuhn, presidente do Sindicato das Indústrias
de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau (Sintex). Segundo ele, os
consumidores devem começar a sentir os aumentos nos preços a partir de
fevereiro ou março do ano que vem. Nas contas da Associação Brasileira da
Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), a alta do algodão tem um impacto de 30%
a 50% nos preços dos jeans e brins.
E não são apenas as peças de vestuário
produzidas no Brasil que vão ficar mais caras. Os preços das roupas importadas
também devem subir, já que o elevado custo da matéria-prima atinge a indústria
no mundo todo. “Os preços internacionais do algodão nunca estiveram tão altos
desde a Guerra da Secessão nos Estados Unidos [1861-1865]. Estamos pagando
preço de ouro, mas para comprar algodão”, afirma Kuhn, que também é consultor
da Hering. Há quase um mês, os contratos futuros do algodão seguem registrando
novos recordes de alta, cotados no patamar de US$ 1,50 por libra-peso na ICE
Futures nos Estados Unidos. Um ano antes, a commodity era negociada a US$ 0,70
por libra-peso.
Esse cenário assusta a indústria
têxtil, que tem crescido a taxas expressivas no Brasil. Segundo Rafael Cervone
Netto, presidente do Sinditêxtil-SP, o setor investiu mais de US$ 10 bilhões
nos últimos dez anos, ou aproximadamente US$ 1 bilhão por ano. Em 2010, os
investimentos devem ficar acima média histórica, em um total de US$ 1,5 bilhão.
Para Kuhn, do Sintex, a produção têxtil deve fechar o ano com expansão de 5% a
6%, e o consumo deve ter alta de 10% a 12%. “Olhando assim parece que o setor
está reclamando de barriga cheia, mas o cenário para o ano que vem é crítico”,
diz Kuhn.
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