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Quem gosta de um bom churrasco já está sentindo no bolso o peso da forte
alta verificada nos preços da carne bovina no País. O principal item do churrasco
acumula uma variação de aproximadamente 15% no período de um ano até outubro,
segundo dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV). No mesmo intervalo, a inflação
calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor - Brasil (IPC-Brasil) é de 4,65%.
Segundo dados da empresa Soboi da cidade de Andradina, a arroba do boi em
São Paulo está cotada em R$ 111,00.
A picanha, um dos cortes de carne bovina mais prestigiado no churrasco,
foi o que mais subiu e acumula alta de 17% em um período de 12 meses, até 20 de
outubro. Outros cortes como o contra filé, a alcatra e a costela tiveram alta
de 14% no preço no varejo nesse mesmo período.
Segundo o economista André Braz, da FGV, os alimentos, de forma geral, têm
tido uma evolução mais acelerada de preços nos últimos meses, puxando os
índices de inflação para cima. Mas, segundo ele, em alguns produtos, como no
caso da carne, a variação de preços tem ocorrido com maior intensidade.
“Há diversos fatores afetando a produção e a oferta de carne e que estão
contribuindo para a elevação dos preços. Problemas climáticos como a estiagem
em regiões de pastagem obrigaram os produtores a investir mais em rações para
engordar o rebanho. Isso implica em um maior custo de produção. Além disso,
houve um aumento da demanda pelo produto no mercado internacional. No mercado
doméstico, a alta do consumo é reflexo do avanço do mercado de trabalho e da
evolução da renda”, analisa o economista da FGV.
Frango e lingüiça
O frango em pedaços registra uma alta de 3,45% no período de um ano, até
outubro, segundo a FGV. A linguiça variou 1,91% e a maminha teve oscilação de
2,75% no período. Segundo o economista da FGV, a variação de preços foi menor
nesses produtos, mas devido ao aumento na procura por substitutos para a carne
bovina já começa a ser percebida uma alta mais expressiva em alguns itens como
miúdos de frango, por exemplo. Esse produto especificamente teve uma variação
mais forte nos últimos meses e já acumula uma variação de preços no varejo
superior a 9% em 12 meses, segundo a FGV.
O pão francês e as bebidas como cerveja e refrigerante também colaboraram
para elevar a inflação do churrasco. Influenciado pelos efeitos da quebra da
safra de trigo na Rússia, o pãozinho registra uma alta de 6,58% nos preços em
12 meses. O refrigerante e a cerveja registram no mesmo intervalo altas de
5,19% e de 3,42% respectivamente. E essa tendência de alta nos preços das
bebidas, segundo especialistas, deve se intensificar com a chegada do verão e
as festas de fim de ano.
Produtos in natura
A Inflação da cesta de produtos para o churrasco, levando-se em conta a
variação dos 20 itens selecionados, ficou em 1,10% entre os dias 21 de setembro
e 20 de outubro deste ano. No mesmo período, a inflação pelo IPC-Brasil foi de
0,56%. Em um ano, até 20 de outubro, a inflação do churrasco foi de 5,17%
contra uma oscilação de 4,65% no IPC-Brasil.
Segundo Braz, economista da FGV, quando se olha o conjunto da cesta de
produtos a variação ficou mais próxima da inflação no período, em virtude da
deflação registrada em alguns produtos in natura como a cebola, que teve queda
de 48% nos preços no varejo em 12 meses, e o tomate, com recuo de 35% nesse
mesmo período. ”Nesses produtos, o efeito do clima foi inverso. A produção
cresce em algumas regiões em períodos com chuvas menos intensas e usa-se a
irrigação para compensar a seca”, disse Braz.
Na avaliação do economista Fábio Romão, da consultoria LCA, para o último
trimestre de 2010, o pico de alta dos alimentos deve se concentrar no mês de
outubro. “O grupo alimentação apresentou deflação por três meses seguidos, após
registrar altas no começo do ano. Em setembro, o IPCA ficou em 0,45% e os
alimentos subiram 1,08%. Para outubro os alimentos devem ter uma variação de
1,78% e o IPCA deve registrar alta de 0,70% segundo nossas projeções. Nos
próximos meses essa variação nos preços dos alimentos deve começar a ceder”,
disse Romão.
O item alimentos tem grande peso no cálculo da inflação oficial e representa
25% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O índice de outubro,
calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), será
divulgado na terça-feira.
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