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Com 92% dos votos
apurados, o médico baiano Agnelo Queiroz, do PT, é o novo governador eleito do
Distrito Federal, com 66,3%. Depois de uma disputa marcada por acusações mútuas
entre sua campanha e a da adversária Weslian Roriz, do PSC – que estava com 33,6%
dos votos – o candidato do PT vai assumir no dia 1º de janeiro o Palácio do
Buriti, aos 52 anos, e promete chefiar também, ao longo dos três primeiros
meses de governo, a Secretaria de Saúde do DF. Nascido no município de Itapetinga, na Bahia, Agnelo dos
Santos Queiroz Filho, filho mais velho de um funcionário público e uma
cabeleireira, estudou em escolas públicas e formou-se em Medicina na
Universidade Federal da Bahia. Chegou a Brasília durante a década de 1980, para
especializar-se em cirurgia no Hospital de Base da capital federal. Após um
período como presidente da Associação Nacional dos Médicos Residentes, foi
eleito deputado distrital pelo PC do B em 1990. Após a passagem pela Câmara Legislativa, Agnelo foi
eleito por três vezes consecutivas deputado federal pelo DF, período durante o
qual continuou a exercer a medicina com operações semanais. Em 2003, ministro
do Esporte durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
encarou as primeiras polêmicas de sua trajetória. À frente do ministério, foi alvo de acusações relativas a
irregularidades no programa Segundo Tempo, de sua autoria. As denúncias foram
trazidas novamente à tona durante o pleito deste ano pela campanha de Weslian
Roriz, que exibiu em seu programa eleitoral o depoimento de testemunhas da
Operação Shaolin, uma investigação da Polícia Civil do Distrito Federal
relativa ao desvio de dinheiro público. Agnelo alegou não conhecer os
acusadores, que, segundo ele, teriam sido pagos para denunciá-lo, e argumentou
que sua gestão foi aprovada pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Agnelo
também foi alvo de acusações durante os Jogos Panamericanos de 2003, quando
teve que devolver R$ 11 mil aos cofres públicos em resposta a uma suspeita de
pagamento duplicado em uma viagem. Participação em majoritárias Em 2006, deixou o ministério para concorrer ao Senado,
mas os mais de 540 mil votos que recebeu – quase 43% do total – não foram
suficientes para elegê-lo. Agnelo assumiu então a diretoria da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, dois anos depois de deixar o cargo de
ministro, trocou o pouco expressivo PC do B pela maior possibilidade de
articulação e visibilidade do PT, e começou a articular a candidatura ao governo
do DF. À frente de uma coligação de mais de
dez legendas – que inclui PMDB, PDT, PSB e PC do B –, o agora petista deu
início à campanha no primeiro turno atrás de Joaquim Roriz, mas virou o jogo no
início de setembro e ganhou força com a desestabilização da candidatura do
adversário do PSC. Diante de escândalos, denúncias e do julgamento de sua
situação frente à Lei da Ficha Limpa empatado no Supremo Tribunal Federal
(STF), Roriz desistiu de concorrer ao Palácio Buriti e lançou sua mulher,
Weslian, para assumir a posição na disputa – a menos de duas semanas do
primeiro turno das eleições. Prioridades Para o vice-presidente regional do PT, Chico Vigilante –
um dos articuladores da filiação do ex-ministro ao partido –, a característica
mais marcante de Agnelo é sua habilidade em negociar e a capacidade
aglutinadora. “O governo dele será de reconstrução, de tolerância para compor o
governo com partidos que não são o PT e, inclusive, com segmentos que nem
partido são”, afirma. De acordo com suas declarações em entrevistas e comícios
ao longo da campanha, Agnelo elegeu como prioridades para o início do governo a
saúde, a segurança e o transporte público no Distrito Federal. O petista
promete construir Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) em todas as regiões
administrativas do DF, disponibilizar 400 equipes de saúde para atender à
população, integrar modais de transporte público como ônibus e metrô, estender
o metrô até o fim da Asa Norte de Brasília e estabelecer rondas ostensivas,
repressão ao tráfico de drogas e parcerias com igrejas para o tratamento de
dependentes. Ele anunciou ainda o projeto de uma “Secretaria da Transparência”
que fiscalizaria os contratos firmados pelo governo do DF. Segundo Vigilante, eleito deputado distrital, uma das
primeiras ações de Agnelo no governo deve ser a exoneração de cargos de
confiança ocupados em governos anteriores. “Vamos afastar todos os que fizeram
parte dos últimos governos e colocar gente capacitada e preparada para os
cargos”, promete.
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