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Nesta quarta-feira
(22), enquanto o mundo celebra o Dia Mundial Sem Carro, em uma tentativa de
conscientizar a população dos problemas causados pelo uso intenso de
automóveis, as ruas do Estado de São Paulo devem ganhar quase 1.200 carros
novos.
Segundo dados do
Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito), a frota de automóveis no Estado
mais rico do país cresceu 64% nos últimos 12 anos. Neste período, o número de
carros em circulação passou de 8,1 milhões para 13,3 milhões, ou seja, uma
média de 1.184 novos automóveis por dia.Na capital, o incremento foi de 31% no
mesmo período, um acréscimo total de 1,2 milhão de carros nas ruas.
Segundo Carlos
Alberto Bandeira Guimarães, professor da área de transporte da Faculdade de
Engenharia Civil Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, o aumento da frota no
Estado pode ser explicado pelo crescimento do poder econômico da população do
interior, motivada, entre outros fatores, pela interiorização da indústria.
“O aumento de carros
nas ruas está ligado fortemente à melhoria da renda. Nos últimos anos, a
riqueza cresceu mais rápido no interior do que na capital, devido à fixação de
várias indústrias na região e também pelo aumento dos salários das atividades
ligadas ao setor agrícola. Na nossa sociedade, carro é sinônimo de status, uma
representação de que o sujeito é bem-sucedido”, explicou Guimarães.Para o
professor, a facilidade de aquisição de veículos também ajuda a explicar o
aumento da frota. “Hoje em dia a gente pode comprar um carro financiado em até
72 meses. Ficou muito mais fácil.”
Guimarães considera
razoável o crescimento da frota na capital, mesmo que tenha sido a metade do
observado em todo o Estado (31% contra 64%). Entre as alternativas para
diminuir o trânsito nos grandes centros, o professor da Unicamp aponta a
cobrança de pedágio urbano, ainda que isso tenha um custo político alto.
“A médio prazo, o
pedágio urbano e a limitação da circulação de veículos em áreas específicas
poderiam ser alternativas interessantes para São Paulo. Mas nada disso será
suficiente se o poder público não privilegiar a melhoria do transporte
público”, afirmou o professor.
Entretanto, Guimarães
defende que, ainda que a população tivesse acesso a ônibus e metrô de
qualidade, ela não deixaria de comprar carro. “O uso do carro na nossa
sociedade é algo muito cultural. O simples fato de ter transporte público de
qualidade não significa que vamos deixar o carro em casa. Um exemplo disso é
Londres que tem muitos quilômetros de metrô e ainda assim precisa cobrar
pedágio urbano”, acrescentou.
Para ele, além de
aumentar a quantidade de metrô e melhorar as condições dos ônibus, seria
preciso a divulgação de campanhas paralelas para conscientizar a população da
importância de deixar o carro em casa.
“Se a população tem
acesso a transporte de qualidade, campanhas como o Dia Mundial Sem Carro
realmente ajudam a conscientizar as pessoas e impulsiona a tomada de ação do
poder público”, disse Guimarães. ação ao carro de passeio”, finalizou.
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