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O ano de 2010 por enquanto está empatado com 1998
como o mais quente já registrado, e o gelo do Ártico alcançou o seu terceiro
menor nível, levando milhares de morsas a se arrastarem para fora das águas
agora privadas de gelo, disseram cientistas dos Estados Unidos na quarta-feira.
A comparação entre 2010 e 1998 se refere aos oito
primeiros meses do ano, com uma temperatura média global (incluindo superfícies
terrestres e marítimas) de 14,7 graus Celsius, ou 0,67 grau acima da média do
século 20, segundo o Centro Nacional de Dados Climáticos dos EUA.
No Hemisfério Norte, este verão --junho a agosto--
foi o segundo mais quente já registrado, atrás do de 1998, segundo o relatório.
Várias partes do mundo --especialmente leste da
Europa, leste do Canadá e Extremo Oriente-- tiveram mais calor que a média. A
China teve seu agosto mais quente desde 1961, 1,1 grau Celsius acima da média
do período 1971-2000.
Por outro lado, Austrália, Rússia Central e o sul
da América do Sul tiveram mais frio do que o habitual.
MORSAS EM FUGA
No Ártico, a cobertura de gelo sobre o mar atingiu
sua menor extensão do ano em 10 de setembro, segundo o Centro Nacional para os
Dados da Neve e do Gelo dos EUA.
Desde que a medição começou, em 1979, houve menos
gelo apenas em 2008 e 2007. Em 2009, a camada de gelo se recuperou e foi maior
do que neste ano. Neste ano, ela chegou a medir 4,76 milhões de quilômetros
quadrados, cerca de 630 mil quilômetros quadrados a mais do que no mínimo
recorde de 2007.
Mesmo assim, foi apenas a terceira vez que a área
gelada ficou aquém de 5 milhões de quilômetros quadrados.
Por causa desse encolhimento do gelo, milhares de
morsas do Pacífico apareceram em terra, em vez de ficarem sobre os blocos de
gelo, segundo a entidade ambientalista WWF, citando observações do Departamento
de Pesquisas Geológicas dos EUA.
Estima-se que 10 a 20 mil morsas tenham dado nas
praias do Alasca nos últimos dias, segundo o biólogo Geoff York, do WWF.
Em condições normais, as morsas se alimentam em
águas rasas nas plataformas continentais, usando o gelo marinho como
"plataforma de pesca." Recentemente, o gelo recuou para além das
plataformas continentais, em águas profundas onde as morsas não conseguem
pescar.
No longo trajeto até a costa, às vezes de mais de
600 quilômetros, as morsas enfrentam riscos como a predação por ursos polares
ou esmagamento por outros animais do bando --as morsas se assustam muito
facilmente e saem em disparada, como alces ou gado, segundo York.
Por outro lado, a presença de tantas morsas em
terra pode ajudar os cientistas a estimarem com precisão a sua população,
segundo Chad Jay, do Centro de Ciência do Alasca do Departamento de Pesquisas
Geológicas.
A atual estimativa, baseada em um levantamento
aéreo em 2006, é de 130 mil indivíduos, mas Jay estima que o número deva ser
maior, porque a pesquisa não abrangeu certas áreas.
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