Motor a etanol pode ser a solução do carro elétrico

Motor a etanol pode ser a solução do carro elétrico

Uma solução bem brasileira para estimular o uso de carros elétricos no País será apresentada nesta terça-feira no Michelin Challenge Bibendum, evento internacional sobre veículos limpos. A Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) e o Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE) vão sugerir às empresas da indústria automotiva a produção de veículos híbridos movidos a etanol - uma espécie de versão flex do carro elétrico.

A ideia é eliminar o problema da baixa autonomia, desvantagem comum dos veículos movidos exclusivamente a bateria, sem perder de vista o conceito de carro ambientalmente correto - o etanol resolve as duas questões no país onde o etanol já é tão vendido quanto a gasolina para o abastecimento de automóveis tradicionais.

O carro híbrido, que possui um motor movido a bateria e outro acionado por combustível, já tem boa aceitação em países como Japão e Estados Unidos. A novidade que será apresentada no evento é o uso do etanol como combustível, inédito no mundo.

"Nos Estados Unidos, o carro híbrido vende como pãozinho quente. É uma solução interessante que pode ser adaptada no Brasil com a substituição da gasolina ou do diesel pelo etanol", conta Jayme Buarque de Hollanda, diretor-geral do INEE.

O especialista lembra que a Toyota vendeu no ano passado 300 mil veículos do modelo Prius, o carro híbrido mais procurado no mundo. Ele usa um sistema que alterna entre o motor elétrico e a combustão e recarrega as baterias quando o carro é freado. Em São Paulo, alguns ônibus híbridos produzidos no País já circulam, mas são movidos a diesel. "Os modelos atuais não resolvem a questão principal, que é ter um carro ambientalmente correto e eficiente do ponto de vista energético".

O uso do etanol como combustível complementar faria também do combustível um aliado e não mais um concorrente do carro elétrico. "Alguns podem achar que o carro elétrico vai tirar mercado do etanol, mas estamos provando que os dois podem ser aliados", afirmou. Na semana passada, o governo adiou o anúncio de medidas de incentivo ao carro elétrico, entre as quais a redução gradual de impostos sobre a produção.

A sugestão do "carro mais verde do mundo", movido a etanol e a bateria, é um dos pontos que constam de um documento que será encaminhado a montadoras e representantes do governo nas próximas semanas. Uma prévia deste mapeamento será apresentada no 7º Seminário VE 2010, promovido pelo INEE como parte do evento organizado pela Michelin.

Além de poluir menos, os veículos elétricos são mais eficientes e econômicos. Para cada quilômetro rodado no País, o carro elétrico requer um gasto de seis centavos, enquanto o motor a combustão consome vinte e quatro centavos.

O inconveniente para o consumidor é o preço salgado, principalmente em países como o Brasil, que não produzem o veículo em escala comercial. Raro exemplo de produção no País, o Palio Weekend Elétrico, produzido pela Fiat em parceria com Itaipu Binacional, pode sair da fábrica custando o triplo do seu similar movido a combustível, numa média de R$ 150 mil.

Outra desvantagem é o tempo gasto para se recarregar a bateria de um automóvel elétrico - cerca de oito horas. No lugar da tampa do tanque de combustível, o carro elétrico possui um bocal para ser ligado a tomada, que pode ser a da garagem de casa. O INEE e a ABVE sugerem no documento que será entregue aos atores da indústria automotiva e ao governo a instalação de pontos de recarga rápida de motores elétricos, tal como funcionam postos de gasolina.

Redução de impostos

O documento cita a necessidade de redução de impostos para viabilizar a produção do automóvel elétrico. O presidente da ABVE, Pietro Erber, avalia que, sem a diminuição do tributo, a indústria não consegue fabricar o produto no País. A alíquota do IPI sobre carros elétricos está na faixa de 25% do valor do veículo, percentual bem maior que a alíquota de 12% incidente sobre automóveis convencionais, com motor a combustão.

A ideia inicial do governo é corrigir o paradoxo, com a redução progressiva do IPI. "A tributação é feita a partir de uma tabela velha, feita quando esses modelos não existiam no mercado", acrescenta Arber.

Antes de reduzir os impostos, porém, o governo pretende estimular a produção nacional do carro elétrico, de acordo com o secretário de Política econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, que coordenou um grupo de trabalho sobre o tema. O objetivo de Barbosa é criar uma entidade de fomento, nos moldes de um centro tecnológico, para o setor automotivo desenvolver tecnologias para o carro elétrico.

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