Afastamento por dependência cresce 23%

O
uso de álcool e drogas afasta cada vez mais brasileiros do trabalho. Entre
janeiro e setembro deste ano, 31,8 mil pessoas tiraram licença por “dependência
química”, 23% a mais do que no ano passado, segundo o Ministério da
Previdência. Isso significa que, a cada mês, 3,5 mil pessoas são afastadas de
seus empregos.
No ranking das substâncias que mais causam afastamento de profissionais no
país, o álcool aparece disparado em primeiro lugar: 80% das licenças concedidas
pela Previdência são causadas por alcoolismo. A conta inclui também pessoas que
utilizam álcool e outras drogas.
Em segundo lugar vem a cocaína, que responde por 17% dos afastamentos. No
Brasil, de acordo com estimativa da Abead (Associação Brasileira de Estudo do
Álcool e Outras Drogas), 10% da população (cerca de 19 milhões) são dependentes
de álcool. Em média, 32 mil mortes por ano estão relacionadas à doenças
causadas pelo alcoolismo.
Para a psiquiatra Camila Magalhães, coordenadora do Cisa (Centro de Informações
sobre Saúde e Álcool), o aumento de licenças não significa um crescimento no
consumo de drogas, mas uma quebra de paradigmas nas empresas. “Hoje, em vez das
empresas mandarem os funcionários embora por esse problema, preferem
tratá-los.”
Camila Magalhães diz que o vínculo trabalhista depois do tratamento também
facilita na recuperação. “A possibilidade de recaída é 40% maior quando a
pessoa abandona o trabalho para se tratar”, afirma.