Doações de Natal reduzem Imposto de Renda

As
semanas que antecedem o Natal acendem a solidariedade do brasileiro, traduzida
na organização de sacolinhas, cestas e doações aos necessitados. Mas as
entidades filantrópicas precisam de dinheiro o ano todo.
A boa notícia é que boa parte das entidades, sobretudo as de maior impacto
social, podem receber doações por meio de programas de incentivo que permitem
canalizar parte do Imposto de Renda devido. Ou seja, a pessoa faz a boa ação
com o dinheiro que iria para a Receita.
Mas isso só vale para quem faz a declaração do IR pelo modelo completo. Assim,
as doações podem tanto aumentar a restituição como reduzir o saldo ainda a
pagar.
Além de contar com poucos incentivos tributários às doações, o brasileiro
aproveita mal as poucas possibilidades de abatimento do imposto. Segundo a
Receita, o brasileiro só aproveita 1,5% do valor do IR devido.
Entre as possibilidades de "doar imposto" estão o Fumcad (fundo
municipal da criança e do adolescente), as leis de Incentivo ao Esporte,
Rouanet e do Audiovisual, todas limitadas ao máximo de 6% do IR devido.
Para reduzir o IR devido nas declarações de 2012, as doações devem ser feitas
até o final do mês e só valem para projetos "carimbados" -no caso do
Fumcad, pelo conselho da cidade; no dos projetos culturais e esportivos, pelos
ministérios.
Nos Estados, é possível doar parte do ICMS. Em São Paulo, 3.883 instituições
recebem doação da Nota Fiscal Paulista, que já endereçou R$ 83 milhões para
entidades assistenciais. São notas para as quais o contribuinte não deixou
número do CPF (o governo destina os recursos às instituições credenciadas) ou
preferiu colocar o CNPJ da instituição de seu agrado.
No caso da NFP, o contribuinte pode também mandar creditar sua restituição na
conta da entidade.
"Estamos vendo aumentar cada vez mais as doações. O contribuinte sabe que
o dinheiro vai chegar até o projeto", diz Valdir Saviolli, coordenador da
Nota Paulista.
O Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer), um dos
campeões de arrecadação, aposta nas doações para triplicar a capacidade do
Instituto de Oncologia Pediátrica, na vila Mariana (zona sul de São Paulo). Com
gasto de R$ 60 milhões/ano, o Graacc depende de doações de R$ 30 milhões para
fechar as contas.
"Na filantropia, é importante a pessoa ver o dinheiro doado
trabalhando", disse José Helio Contador Filho, diretor financeiro do
Graacc.