Mantega nega alta de IPI para outros produtos

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O
ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou nesta terça-feira que o Brasil
pretenda estender as medidas protecionistas, como o aumento do IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados) sobre automóveis, a outros tipos de produtos.
Mantega fez a afirmação em reunião com o ministro de Finanças da Coreia do Sul,
Jaewan Bahk, no Ministério da Fazenda.
Segundo o secretário de Relações Internacionais da Fazenda, Carlos Cozendey,
que acompanhou o encontro, Mantega assegurou ao colega coreano que o aumento do
IPI sobre automóveis de fora do Mercosul e do México é temporário e vigorará
até dezembro de 2012. Um eventual aumento do prazo de transição para as
montadoras que desejem instalar fábricas no Brasil, declarou Cozendey, não foi
discutido.
“O ministro coreano abordou a questão e Mantega disse que a medida [o reajuste
do IPI] não é contra um país ou outro. A empresa que cumprir os requisitos [de
65% de componentes nacionais e se instalar no Mercosul] tem o mesmo tratamento
que os produtos nacionais”, explicou Cozendey.
Durante a reunião, informou o secretário, Mantega manifestou preocupação com as
barreiras fitossanitárias que os sul-coreanos têm levantado sobre a carne
brasileira. Segundo Cozendey, essas barreiras contribuem para o déficit
comercial do Brasil com o país asiático, que aumentou dez vezes nos últimos
cinco anos, enquanto o comércio bilateral cresceu três vezes.
Os dois ministros também discutiram o reforço ao FMI (Fundo Monetário
Internacional), assunto que dominou as discussões da reunião dos ministros das
Finanças do G20, na semana passada em Paris. Mantega pediu apoio ao colega
coreano para que o repasse de recursos seja feito por meio de acordos
bilaterais. Bahk, informou Cozendey, não se comprometeu a aderir a proposta
brasileira. Apenas declarou que pode acompanhar o Brasil se houver consenso.
No encontro dos ministros do G20, os países concordaram sobre a necessidade de
reforçar o FMI para enfrentar um eventual agravamento da crise econômica atual.
Os membros do grupo, que reúne as 20 maiores economias do mundo, divergiram
sobre a forma que o aporte ocorrerá.
O Brasil e países emergentes sugerem que o repasse de recursos seja feito por
meio de acordos entre o FMI e cada país. Diversos países europeus, no entanto,
defendem que o Brasil e outros países que emprestaram recursos para o Fundo em
2009 adiem a incorporação desse dinheiro às cotas do fundo, que ocorreria em
2012. Isso obrigaria o Brasil, Japão, a Rússia, Índia, China, União Europeia, e
os Estados Unidos a fazer novos aportes.
Em 2009, o Brasil se comprometeu a emprestar US$ 14 bilhões das reservas
internacionais ao FMI, dos quais cerca de US$ 10 bilhões foram efetivamente
repassados. Pelo acordo original, o país poderia usar esses recursos para
aumentar a cota no FMI. Caso a proposta europeia seja aceita, o Brasil terá de
desembolsar mais recursos além do previsto no próximo ano para ter mais poder
no Fundo.
Apesar de a sugestão dos países europeus implicar desembolsos adicionais,
Cozendey negou que o receio do Brasil à proposta seja o impacto financeiro. “Os
acordos bilaterais são mais rápidos e permitirão que os recursos estejam
disponíveis para o FMI no início do próximo ano. Pela proposta dos outros
países, seria necessário um novo acordo e o dinheiro só deverá estar disponível
em setembro ou outubro de 2012”, explicou.