Secretaria da Justiça de SP apura se houve racismo em show de humor
racismo

A
Secretaria da Justiça do Estado de São Paulo apura
se houve crime de racismo durante o show de humor “Proibidão”, na segunda-feira
(12), na Zona Sul de São Paulo. No evento, o músico Raphael Lopes, de 24 anos,
chamou a polícia após uma piada relacionada a macacos ter sido direcionada a
ele pelo humorista Felipe Hamachi. Lopes tocava na primeira edição do
"Proibidão", evento que prega o “humor sem limites” realizado na
Kitsch Club, na Vila Mariana.
Antonio
Carlos Arruda, da Coordenadoria Estadual de Políticas Públicas para a População
Negra, órgão ligado à Secretaria da Justiça, afirma que há indícios suficientes
de racismo. O músico será ouvido e deverá ser aberto um processo administrativo
com base na Lei Estadual nº 14.187, sobre discriminação racial. A direção do
evento e mesmo o humorista podem ser condenados a uma multa de R$ 18,4 mil.
Raphael
diz querer que a festa acabe e que haja responsabilização. Ele contesta a ideia
de que, no humor, tudo é permitido. “Eles estão alegando que são humoristas, e
que aquilo é um papel, um personagem que não condiz com a realidade da vida
deles. Mas se eu atropelo alguém na rua, independente do meu caráter, isso não
faz diferença e eu vou ter que responder. Então eu acho que eles vão ter que
responder pelo crime cometido, do mesmo jeito.”
O
advogado de Raphael, Dojival Vieira Santos, diz considerar justo até que casa
Kitsch Club seja fechada. Santos entrará também com uma ação por danos morais e
pedirá que a polícia abra um inquérito para investigar o caso. O advogado
critica o fato de o “Proibidão” fazer piadas com crianças, mulheres e
deficientes, além de negros, entre outros.
Para
o músico, ao proferir essas piadas, os comediantes agem como “nazistas
disfarçados de humoristas".