URE vende carteira de estudante via site
MEC nega ferramenta

Recentemente,
um novo produto entrou no rol de ofertas oferecidas por sites de compras
coletivas, a carteira estudantil. A URE (União Representativa dos Estudantes e
Juventude do Brasil), que afirma ser a entidade com maior número de associados
– com 5,6 milhões – fez uma promoção para a emissão do documento, a R$
10.
Após
ser criticada, a URE defendeu a prática e afirmou que a oferta foi feita apenas
para celebrar a parceria com o site de compras. Há pouco tempo o Groupon se
tornou um dos patrocinadores da URE, que “não recebe verba pública”, diz a
entidade.
A promoção – que já está encerrada –
oferece o documento que dá direito à meia entrada em alguns estabelecimentos
culturais e esportivos por R$ 10, a metade do valor caso a carteirinha seja
adquirida pelo site da entidade. A assessoria de imprensa da URE garante que a
prática não é irregular e que há controle da venda do documento para que não
caia nas mãos de pessoas que não sejam estudantes.
“Hoje
as secretarias estaduais e o MEC [Ministério da Educação] têm um banco de dados
público. Tanto na emissão da carteirinha pela internet, pelo Correio ou pela
própria entidade, a forma de comprovação é a mesma. Colocamos o nome no sistema
que compila esses dados e, a partir deles, fazemos a comparação. Se não tem
‘ok’ vai para a área de triagem. E, se for necessário, ligamos para a
instituição de ensino especificada para confirmar”, explica a assessoria da
entidade.
Devolução
A
URE afirma ainda que caso não seja confirmado o vínculo do comprador com alguma
instituição de ensino, o valor é devolvido de forma integral. “Mesmo se a
pessoa tentar nos enganar”, ressalta a assessoria. A entidade afirmou ainda que
não houve aumento na emissão dos documentos.
“Foi
uma forma de anunciar e comemorar uma nova parceria com um patrocinador”,
acrescentou a entidade.
Posicionamentos
O
MEC (Ministério da Educação) afirmou que
conhece o caso e negou haver um banco de dados para consulta dos nomes dos
alunos. A pasta informou ainda que não há nenhuma relação entre o ministério e
a emissão de carteiras de identificação dos estudantes.
De
acordo com a UNE (União Nacional dos Estudantes), uma das mais antigas
entidades estudantis do país, não existe regulamentação da carteira de
identificação estudantil. “A UNE vem lutando nos últimos dez anos pela
regulamentação da meia entrada no país”, afirma o tesoureiro da entidade, Luis
Felipe Maciel. A ideia da entidade é nacionalizar a meia entrada, que
atualmente é regida de forma estadual.
Ainda
de acordo com Maciel, algumas entidades “criaram um mercado de carteira de
identificação estudantil”, diz. “Temos duras críticas em relação à emissão do
documento pelos sites de compras coletivas. Somos contra a lógica da
comercialização da carteira e é isso que vem sendo feito”, acrescentou.