Dilma manda CGU investigar Ministério dos Transportes
Superfaturamento

A
CGU (Controladoria-Geral da União) informou em nota que, por determinação da
presidente Dilma Rousseff e solicitação do Ministério dos Transportes, fará
"análise aprofundada e específica em todas as licitações, contratos e
execução de obras que deram origem às denúncias recentes sobre irregularidades
no âmbito do Ministério dos Transportes e órgãos a ele vinculados".
A
nota reconhece que a área tem um histórico de irregularidades no Dnit
(Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). Mas, segundo o texto,
"a CGU pode testemunhar o esforço de melhoria que vem tendo lugar, nos
últimos anos, na gestão da autarquia".
Entre
as mudanças está a redução do número de obras sob responsabilidade do
departamento que foram paralisadas por recomendação do TCU (Tribunal de Contas
da União). Segundo a CGU, em 2007, 40 obras foram interrompidas. Até junho
deste ano, nenhuma parou por causa de irregularidades.
Ainda
segundo a CGU, pelo menos 18 Processos Administrativos Disciplinares e
sindicâncias instauradas já foram instauradas contra 30 dirigentes e servidores
da área.
DEMISSÕES
Após
reportagem da revista "Veja" no fim de semana sobre suposto esquema
envolvendo servidores do Ministério dos Transportes e de órgãos ligados à pasta
em superfaturamento de obras e recebimento de propina de empreiteiras e
consultorias, o ministro Alfredo Nascimento, presidente licenciado do PR,
afastou a cúpula do ministério.
Sua
permanência não estava assegurada e dependia do encontro com a presidente.
Dilma decidiu, nesta segunda-feira, manter o ministro no governo.
Segundo
a assessoria de Imprensa do Palácio do Planalto, a presidente pediu que
Nascimento conduza as investigações do suposto esquema envolvendo servidores do
ministério e de órgãos ligados à pasta em superfaturamento de obras e
recebimento de propina de empreiteiras e consultorias.
De
acordo com assessores, o governo "reitera apoio ao ministro". "O
governo manifesta sua confiança no ministro Alfredo Nascimento. O ministro é o
responsável pela coordenação do processo de apuração das denúncias feitas
contra o Ministério dos Transportes."
OPOSIÇÃO
Senadores
da oposição, no entanto, defenderam nesta segunda-feira a demissão do ministro.
"A
presidente deu um passo, mas não é o suficiente. O fato exige o afastamento do
ministro até os esclarecimentos. Tudo isso é consequência do loteamento de cargos
entre partidos", disse o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR).
O
senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) afirmou que o esquema de corrupção no
ministério é anterior à posse da presidente Dilma, por isso a petista deveria
afastar Nascimento --que assumiu o cargo na gestão do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
"Todo
mundo sabe desse esquema, que inclui até pagamento de mensalão. Não vejo outra
maneira a não ser o afastamento de toda a cúpula [do ministério] incluindo o
próprio ministro", disse o peemedebista.
A
oposição também apresentou nesta segunda-feira pedido de convocação de
Nascimento na Comissão de Infraestrutura do Senado para explicar as denúncias.
DEM e PSDB querem ouvir ainda o diretor-geral afastado do Dnit, Luiz Antônio
Pagot, para falar sobre as denúncias.
Em
outra ofensiva, a oposição vai tentar instalar CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) para investigar denúncias de irregularidades no Dnit. No ano
passado, o senador Mário Couto (PSDB-PA) reuniu assinaturas para instalar a
comissão --mas ela acabou arquivada sem sair do papel.
"O
senador vai voltar a colher assinaturas para a instalação da CPI e terá apoio
total do partido", afirmou Dias.