Fique atento aos novos plugues e tomadas

Pinos chatos, chatos e com furos, redondos. A variedade de plugues e tomadas encontrados nas lojas de material de construção do Brasil parecia ser infinito até o início de 2010, quando fabricantes tiveram que colocar no mercado apenas plugues com formato sextavado e três pinos cilíndricos, e tomadas com uma cavidade para o encaixe.
O desenho do novo plug foi baseado em resoluções da International Electrotechnical Commission (IEC), órgão que criou o padrão de plugues a partir de experiências em países nos quais modelos seguros já haviam sido instituídos.
“A norma foi discutida por países de primeiro mundo, como Alemanha, França e Itália”, afirma o superintendente do Comitê Brasileiro de Eletricidade, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), José Sebastião Viel.
Segurança em primeiro plano
Com foco na segurança, os novos plugues brasileiros têm o terceiro pino com função de aterramento, isto é levar a descarga elétrica diretamente ao solo. Segundo Viel, desde 1980 a norma de instalações elétricas prevê o aterramento, e, desde 2006, a lei federal n.º 11.337 obriga todas as novas construções a terem o fio terra.
Além do aterramento, as novas tomadas e plugs evitam acidentes mais comuns, como choques. O chefe substituto da Divisão de Programas de Avaliação da Conformidade do Inmetro, Leonardo Rocha, explica que o design proporciona maior segurança ao usuário, graças à concavidade. “O padrão instituído tem formato de poço, que evita o contato com o pino eletrizado.”
Dados recolhidos pelo Inmetro mostram que, na última década, 15 mil mortes foram provocadas por choques elétricos. Por isso a necessidade de um padrão mais seguro era urgente. “As pessoas não conseguiam conectar os aparelhos nas tomadas e a solução encontrada, às vezes, era insegura, como cortar o terceiro pino.”
Além de não tocar nos pinos eletrizados, o consumidor, agora, corre menos risco de superaquecimento da instalação elétrica, o que pode provocar incêndios “Os pinos cilíndricos maciços permitem uma distribuição melhor da corrente e evitam o aquecimento”, explica Rocha.
Mudanças para o consumidor
Apesar da mudança, o consumidor não terá que trocar todos os espelhos de casa. Segundo Leonardo Rocha, do Inmetro, 80% dos plugues atuais se encaixam no novo padrão nacional. Além disso, o Inmetro certificou dois adaptadores: um que possibilita o encaixe do plugue de aparelhos antigos nas novas tomadas, e outro, que permite a conexão de um eletrodoméstico com o novo plugue às tomadas que não tenham o terceiro pino. No entanto, é importante lembrar que o adaptador não previne o contato das mãos com os pinos.
José Sebastião Viel, explica também que agora estão disponíveis tomadas de amperagens diferentes. “Uma de 20 amperes, que é usada para aparelhos de grande potência, como secador de cabelo e forninho elétrico. Outra de 10 amperes, suficiente para ligar a televisão e o rádio.”
De acordo com o superintendente do Comitê Brasileiro de Eletricidade, com isso, também haverá economia de energia, já que antes a grande maioria das tomadas consumia mais energia do que a instalação elétrica permitia, o que podia causar prejuízos e acidentes.
Substituição gradativa
Apesar de mais seguros e eficientes, até entrarem definitivamente no mercado, os novos plugues e tomadas estão levando mais tempo do que o previsto para serem adotados. “A troca obrigatória foi adiada duas vezes, uma em 2003 e outra em 2005, por causa dos fabricantes e para fazer campanhas de conscientização”, explica o gerente do departamento de tecnologia e política industrial da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Fabian Yaksic. Mesmo assim, ele afirma que a mudança foi bem aceita pelas empresas do setor.
A substituição dos antigos pelos novos plugues nas prateleiras, no início de 2010, foi apenas mais um dos prazos estipulados. De acordo com Leonardo Rocha, do Inmetro, os fabricantes de aparelhos eletroeletrônicos têm até junho de 2011 para adotarem os novos plugues.
No que diz respeito ao consumidor, Rocha aposta em uma mudança gradativa. “A necessidade de troca vai aparecer aos poucos. Quando se comprar um ar condicionado novo, por exemplo, e os plugues não encaixarem nas tomadas pré-existentes.”