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Durante o hino nacional, Joel cumprimenta um por um dos jogadores da Seleção Brasileira no banco de reservas. Brinca com membros da comissão técnica, velhos conhecidos da época em que fazia sucesso nos clubes do Rio de Janeiro. Aperta a mão de Dunga, os fotógrafos deliram.
O treinador sul-africano volta ao seu posto, esboça cantar o hino nacional, flashes e mais flashes disparados sobre ele e seu auxiliar Jairo Leal. No hino da África do Sul, Joel fica com os olhos marejados, nó na garganta.
A partida começa. Dunga fica no meio da área técnica com as mãos no queixo. Joel encosta em um dos cantos do banco de reservas. Assim os dois permanecem até os 13min, quando a África do Sul assusta pela primeira vez. Joel esboça uma reação, abre os braços, cruza e volta a se apoiar no banco de reservas. Dunga parece uma estátua, sem se mover.
Os sul-africanos dão trabalho. Chegam de novo aos 20min, quando o capitão Mokoena cabeceia com perigo, rente à trave de Júlio César. Joel põe a mão na boca, olha para Jairo Leal. Do outro lado, Dunga conversa com Jorginho. Percebe que tem alguma coisa errada no desempenho do Brasil.
Joel começa a ficar impaciente. Fica bravo com um passe errado de Modise. Esbraveja. Seu time pressiona. Com ele levanta toda sua comissão técnica. Bem mais participativo que Dunga, que permanece estático com a mão no queixo, pensando o que está dando errado.
Joel segue esbravejando, aponta para a direita, mas nenhum dos seus jogadores está olhando para ele e muito menos escutando as instruções, com os barulhos das cornetas. Do outro lado, Jorginho levanta, toma a frente de Dunga e pede para Robinho voltar para a marcação.
A África do Sul joga de maneira surpreendente, impedindo o Brasil de chegar ao ataque. Porém, para Joel alguma coisa segue não funcionando no seu time. Em um passe errado no contra-ataque, ele perde a paciência. "Sobrava espaço, sobrava espaço", diz para Jairo Leal.
Dunga se manifesta pela primeira vez mais veementemente. Aplaude Lúcio e passa orientação ao volante Gilberto Silva. Aos 36min, o Brasil chega com perigo em chute de Kaká. Joel fica preocupado. Vai até o fim da área técnica, rola lentamente a garrafa de água para o lado.
Dunga, mais animado, conversa com Felipe Mello. O volante faz sinal de positivo mostrando que entendeu a orientação. Do outro lado, Joel tem mais trabalho. Tenta falar com Parker, gesticula e nada. Sobra para Pienaar passar as instruções ao atacante, repetindo os gestos do treinador.
Aos 42min, Pienaar acerta chute cruzado da entrada da área. A bola passa raspando a trave direita de Júlio César. Muito perto. Apesar da ótima chance, Joel se vira para o banco e parece reclamar de novo. Queria outra jogada.
Fim do primeiro tempo. Dunga sai de campo conversando muito com o auxiliar Jorginho. Joel recolhe sua prancheta e sai calmamente, em paz.
Os jogadores voltam do intervalo. Joel não. Chega atrasado e joga a prancheta no banco. Apito do árbitro. Os dois treinadores voltam para as suas posições: Dunga com a mão no queixo no meio da área técnica. Joel encostado no banco de reservas.
O Brasil começa o segundo tempo melhor. Aos 3min, Kaká tenta uma jogada pelo lado esquerdo e tem o cruzamento cortado. Joel se contorce no banco. Nas arquibancadas, alguns torcedores pedem que o técnico sul-africano faça substituições. O treinador parece que escuta, põe os reservas para o aquecimento. Dunga faz o mesmo.
Se no primeiro tempo, a impaciência de Joel era por conta dos erros no ataque, no segundo tempo, a preocupação virou a defesa. O treinador coça a cabeça, orienta seu time como dá. Briga com o lateral Gaxa, por não acompanhar Robinho. Do lado oposto, Dunga intacto.
A África do Sul volta a dominar a posse de bola, o domínio do jogo. Aos 12min, após um chute despretensioso, a bola bate na trave de Júlio César. O banco de reserva inteiro dos sul-africanos se levanta. Joel, em transe, só se preocupa em orientar sua defesa. Dunga segue com olhar preocupado, mas sem se mexer, com os braços cruzados.
A reação dos técnicos vira o retrato das equipes em campo. Joel passa a partida inteira gesticulando, brigando. Seus jogadores atacam, marcam e chegam com perigo. Já a Seleção mostra pouca animação e movimentação, exatamente como o técnico Dunga no banco de reservas.
Aos 35min, Dunga acorda, se levanta, conversa com Jorginho e chama Daniel Alves para o lugar de André Santos. A troca de um lateral-esquerdo por um lateral-direito confunde a cabeça de Joel Santana e sua comissão técnica. Todos confabulam, olham sem saber o que fazer. Jairo Leal tenta conversar com a zaga para ajeitar o posicionamento da defesa sul-africana.
O duelo entre os dois treinadores esquenta. Dunga conversa com Kaká e Robinho. Joel sai da área técnica e fala com o meia Modise. O treinador quer ele como "carrapato" de Daniel Alves em campo. O juiz apita falta perigosíssima em Ramires. O relógio marca 41min do segundo tempo. Joel reclama, diz que não foi falta. Volta para o banco com cara de choro. Dunga apenas abaixa a cabeça e espera.
Daniel Alves vai para a cobrança e a estrela do treinador brasileiro brilha. Gol da Seleção. Dunga desabafa, vibra. Joel fica desolado, olha para o outro lado não acreditando no que viu. O esforço e os gestos de 86 minutos de jogo perdem o sentido em um lance de bola parada. O treinador faz três substituições, põe dois atacantes, mas já é tarde. O sonho de eliminar o Brasil e fazer história na Copa das Confederações havia acabado. Como consolo, o reconhecimento dos torcedores que aplaudem.
Dunga comemora a vitória como há muito tempo não se via. A Joel resta o abraço dos jogadores brasileiros, reconhecendo o sufoco que foi passar pela África do Sul. O treinador brasileiro sai em alta do confronto contra a Seleção Brasileira.
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